Pernambuco é conhecido por ser um estado multicultural. Diferentes ritmos e crenças existem no Estado e, dentre tantas formas culturais há o Hip-Hop, um ritmo que mesmo não sendo local, se destaca por ser “cultura de periferia”. Movidos, muitas vezes, pela falta de oportunidade e lidando com preconceitos, jovens trazem na dança e cultura Hip-Hop uma forma de lazer e envolvimento cultural. O estilo também mostra à sociedade, um meio de conscientização a respeito da juventude pobre das periferias que em muitos casos são denominados de forma preconceituosa como “marginal”.
Há quem diga que o Hip – Hop é a única forma da periferia ou guetos expressarem suas dificuldades e necessidades. Formado pelos elementos do Rap, do Graffiti e do Break, o estilo surgiu na década de 70. Foi criado por Afrika Bambaataa nos subúrbios de Nova Yorque que enfrentavam diversos problemas sociais como a pobreza, violência, racismo , tráfico de drogas, precariedade na educação, entre outros. A partir daí, até hoje, os admiradores do movimento competem entre si com passos de dança e não com violência, lutando desta forma, contra o preconceito da sociedade.
O hip hop é tido como um meio de manifestação de grupos juvenis, onde jovens se expressam através da arte da rua. Ligado à construção da cidadania assim como a inserção dos moradores da periferia na sociedade, mostra que nos subúrbios não há só drogas ou violência, mas jovens que lutam contra as críticas, exclusões sociais e desigualdades raciais. O estilo vem se firmando, dentre outras coisas, como forma cultural e meio de desenvolvimento sócio-educativo para a população jovem.
A maioria das pessoas que integram o movimento são pessoas humildes residentes em periferias, mas hoje o aumento do Hip-Hop está crescendo gradativamente e a classe média já está se incorporando também ao movimento. Há muito preconceito com este tipo de cultura. Em Recife só em 2002 é que o estilo passou a ser visto como um movimento político, social e cultural da cidade.
Hoje em Recife, alguns órgãos se unem a esses jovens com o intuito de propagar cada vez mais o movimento Hip – Hop buscando desta forma um meio de diminuir ou até mesmo acabar o preconceito. O estilo passou a ser propagado com mais ênfase no decorrer dos anos. Não só no litoral Pernambucano, mas também no interior do Estado já é evidente a atuação de jovens no ritmo do break, principalmente a partir do ano 2000, onde começou a surgir as principais ONGs do Estado relacionada ao movimento. È o caso da Associação Metropolitana de Hip-Hop de Pernambuco. Criada em março de 2004, a associação é um órgão sem fins lucrativos que representa este movimento cultural no estado de Pernambuco, além de denunciar e combater qualquer tipo de preconceito contra a periferia e o movimento, assim como defender os direitos e interesses do ponto de vista cultural, artístico, politico e social da juventude. Valoriza também o mercado cultural do hip hop, contribuindo desta forma para a transformação da sociedade. É uma iniciativa de inclusão social e valorização cultural da periferia. A Associação atua também promovendo sempre debates a respeito da juventude e na organização de torneios, campeonatos e eventos relacionados ao estilo do break dance.
Além da Associação, há a “Brigada Hip-Hop”, projeto que defende também o estilo promovendo aos jovens um maior contato com os movimentos sociais e também a mobilização com a cidadania. A brigada ,assim como a associação, promove eventos do Hip-Hop e leva a propagação da paz para os jovens da periferia, tornando assim um maior contato jovens-arte ao contrário de jovens-violência e marginalidade como a sociedade em certos casos, de forma preconceituosa acaba por julgar.
O movimento Hip-Hop vem trazendo mudanças na periferia do estado de Pernambuco. Muitos jovens já alegaram ter saído do mundo das drogas e criminalidade depois que descobriram a verdadeira arte da periferia. Jovens que aumentaram sua autoestima e hoje se vêem envolvidos na produção de cultura, oferecendo em muitos casos até mesmo aulas de dança ou de grafitagem.
Hoje o apoio da prefeitura do Recife e Secretaria de Cultura com estes órgãos que difundem o movimento Hip-Hop no estado de Pernambuco é essencial para a divulgação do estilo seja aqui no estado, ou até mesmo fora dele. O Hip Hop se revela não só como uma simples moda juvenil, ou um básico estilo. Tem destaque por ser uma cultura típica do subúrbio que mostra à sociedade que o movimento é bem mais que diversão e lazer, mas um meio de vencer as dificuldades e livrar-se da criminalidade, através da arte.